quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Romuva: O Paganismo Báltico

Muitas tradições pagãs tem ganhado força nos últimos anos, se espalhando por todos os continentes e especialmente em nações indo-europeias e latinas, onde a influência de certas tradições pagãs foi transmitida com mais força. Romuva é o termo usado para designar a religião neopagã dos povos bálticos.



Definição de Romuva

Esse termo refere-se ao paganismo lituano. Seguidores da religião lituana nativa escolheram o nome "Romuva" para denominar a tradição, em 1920. O termo foi escolhido em homenagem ao santuário Báltico prussiano chamado Romuva, localizado na terra de Nadruvia (perto Chernahovsk região de Kaliningrado). O termo Romuva significa "templo, santuário, espaço interno, área sagrada". Os seguidores são chamados romuviai ou romuvitas. Também podem ser chamados de Sentikiai, que significa "Velhos Crentes". 

Essa religiosidade pagã é originalmente inspirada nos cultos politeístas dos povos bálticos. O termo báltico se refere as nações que habitavam as margens do mar báltico, como a Suécia, a Finlândia, a Polônia, e os países que compõem ex-repúblicas soviéticas (Lituânia, Letônia e Estônia). Os povos dessa zona fazem parte do grupo étnico indo europeu, semelhantes aos povos eslavos e nórdicos. 


Divindades

Laima e Žemyna são as duas maiores Deusas cultuadas pelos seguidores da Romuva. Elas foram cultuadas desde muito tempo nessas áreas pelos antepassados dos povos bálticos atuais. Laima é a amada Mãe Divina , que protege a vida humana . É invocada para conceder sorte (seu nome está ligado ao significado de sorte). 
Žemyna é a querida Mãe Terra , que protege a vida de animais e plantas. É tanto o útero como também o túmulo. Os lituanos costumam rezar a  Žemyna  ao se levantar de manhã e ao ir para a cama à noite.

Dievas, Perkunas e Velnias
O Templo Romuva Prussiano estabeleceu Dievas, Perkunas e Velnias como os três principais Deuses. Dievas é o Deus do Céu , que vive no topo da Montanha Celestial. é ele quem tem a função de proteger e orientar o trabalho agrícola, sendo invocado para ajudar os necessitados. 

Perkunas é o Deus do Clima e da Montanha que eleva a justiça . Velnias é Deus promíscuo e truculento, considerado o Deus de Morte. O cristianismo deturpou e usou o nome "Velnias" para designar o Satanás. 

A religião báltica da Lituânia possui muitas outras divindades. Por conta da influência da dominação monoteísta, desde a Idade Média muitos pagãos assimilaram a ideia de uma unidade divina, um só Deus que se manifesta sob diversas faces, diversos Deuses e Deusas. Com esse pensamento, muitos acreditam em várias personificações da divindade e escolhem aquelas que mais lhe agradam. Essa influência monoteísta ocorre tanto na Lituânia como na Letónia. 


Celebrações 

* Krikštas: É a mais importante celebração da Lituânia. Uma celebração da vida. É realizado com bebês recém-nascidos. O bebê recebe um banho sagrado onde são feitos pedidos para que ele tenha uma vida saudável e boa sorte. 

* Vestuvės: É festa de casamento e dura três dias. Através de uma série de belos rituais antigos, uma menina e um menino se tornam adultos. Eles deixam suas famílias e formam uma nova família. Os participantes costumam evocar os Deuses e fazem pedidos de prosperidade, saúde e fortuna para o casal.

* Šermenys e Laidotuvės: São as cerimônias fúnebres onde são feitas libações longe do local de residência do falecido, onde se coloca a frase: "Onde você vai, nós vamos" 

* Kalėdos: É um dos grandes festivais agrícolas. Marcado pelo Solstício de Inverno e celebrado em 25 de Dezembro. As pessoas visitam os vizinhos e amigos, compartilham alimentos, queiman a "árvore de Yule" e fazem previsões para o ano novo. É bastante semelhante com a celebração de Yule dos neopagãos wiccanos.

* Pusiaužiemis: Marca o meio do inverno, em primeiro de Março.

* Užgavėnės: Simboliza o fim do inverno. As pessoas se vestem com disfarces sobrenaturais e entram nos campos para afastar o inverno com ruídos, danças, truques e alimentos. 

* Velykos: É a comemoração do Solstício de Primavera, quando se festeja a nova vida através da troca de ovos decorados com símbolos mitológicos entre os participantes.

* Jore e Samboriai: . É celebrada a colheita dos primeiros frutos e grãos.

* Rasa ou Kupolinė: É a celebração do Solstício de Verão. As pessoas caminham através dos campos e recolhem ervas para serem abençoada nesta noite. Os jovens se mantem acordados durante toda a noite, fazendo vigília. Durante a manhã, o orvalho é recolhido e utilizado para fins medicinais.

* Rugių Svente e Dagotuvës: Rugių Svente é a festa que marca o início do Verão e o fim das colheitas. Dagotuvës é a festa que marca a semeadura de inverno. Ambas as festas agradecem pelas bênçãos e pela proteção dos Deuses.

* Vélines: Uma celebração da morte que é realizada no mês de outubro, culminando em 01 de novembro (semelhante ao Samhain). Uma data em que os mortos são lembrados convidados para jantar com os vivos. Os "refrigerantes" oferecidos aos mortos são móbiles pendurados nas mesas de jantar.

* Kūčios: É o Solstício de Inverno, o ponto culminante do ano. Como preparação para essa festa, todos que por ventura estejam "brigados" com alguém devem reconciliar-se. As famílias se reúnem para celebrar a união entre vivos e mortos. Ritos de adivinhação são realizadas no ano novo. Todos são abençoados com pedidos de sorte, prosperidade, saúde e sabedoria. 

As celebrações lituanas são uma tradição ininterrupta desde os tempos mais antigos. Sobreviveram mesmo com as perseguições do Cristianismo e do bolchevismo soviético, que tentaram erradicar a todo custo essas manifestações. Como aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, muitas vezes as festividades assumiram"rótulos cristãos" em tempos de perseguição.


Rituais

O rito do fogo é, desde que a história registrada, um dos rituais mais centrais da religiosidade báltica e lituana. O ponto focal de cada templo báltico é o Aukuras, o Altar de Fogo. O rito é realizado para comemorar ocasiões especiais e é um componente essencial em muitas comemorações. 

O Aukuras é erguido em um lugar sagrado, geralmente em área aberta em meio a natureza. Os participantes lavam as mãos e rostos para a ocasião. Um grupo de pessoas coordena e auxilia os fieis na hora de cantar os Dainas, antigos hinos espirituais recitados enquanto o fogo é aceso. 

Os sacerdotes entregam flores, comida e bebida para o fogo, continuando a cantar os Dainas. Os participantes geralmente são convidados a adicionar suas ofertas e também suas próprias contribuições verbais ou silenciosas. 

O simbolismo deste rito é relacionado com a crença de que as oferendas e preces são entregues aos Deuses através do fogo, subindo aos reinos divinos em forma de fumaça e faíscas. Em casa, também são realizados ritos domésticos diariamente, com libações semelhantes 

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